Artigo

Colégio Pelotense, uma experiência laica

Por Manoel Luiz da Cunha Pereira
Embaixador da Cultura Pelotense

Entre tantos patrimônios materiais e imateriais de Pelotas, é impossível não lembrarmos do Gymnasio Pelotense, grafia original - atualmente Colégio Municipal Pelotense. Criado por iniciativa de Maçons Pelotenses das lojas Antunes Ribas, Rio Branco e Lealdade, instalou-se em 24 de outubro de 1902, na rua Miguel Barcelos, no prédio outrora residência do Barão de Itapitocai, com o objetivo de oferecer ensino, internato e externato, abertos a todos que desejassem frequentá-lo, sem qualquer injunção filosófica ou religiosa e sem preconceitos de qualquer espécie. No dia 27 do mesmo mês, reunida a comissão, ficou decidido que essa escola receberia a denominação de Gymnasio Pelotense.

Em 2 de Fevereiro de 1903, foram solenemente inauguradas as aulas, com uma matrícula inicial de 70 alunos provenientes das cidades de Pelotas, Rio Grande e Bagé, e já no encerramento do ano letivo, seu número ascendia a 130. Em 12 de abril de 1903, o Grêmio dos Estudantes do Ginásio Pelotense realizava sua primeira reunião literária, tendo o estudante Sílvio Torres dissertado sobre o tema União e Perseverança, seguindo-se com a palavra o orador oficial José Pereira Lima. Os primeiros estatutos do Pelotense, publicados na página 3 do Diário Popular de 27 de outubro de 1903, continham 17 artigos, entre os quais o dispositivo geral de número 13 dispunha que as sociedades fundadoras do Gymnasio, não visando auferir deste instituto proventos pecuniários para elas, disporiam os saldos em benefício do estabelecimento e na compra de aparelhos e outros objetos necessários à facilidade do ensino.

O primeiro corpo docente do Pelotense era formado por Dr. Francisco José Rodrigues de Araujo, Dr. Manuel Serafim Gomes de Freitas, Carlos André Laquintinie, João Afonso Correa de Almeida, Dr. Otávio Faria, Dr. Hipólito Cabeda, Benjamim de Souza Oliveira, Francisco de Paulo Laquintinie, Joaquina Ramos, Cristóvão Ferrando, Dr. Carlos F. Ramos, Dr. Francisco Simões Lopes e Jacques Reischer. Em setembro de 1903, o Pelotense, diante de seu crescente desenvolvimento, transferiu suas instalações para o magnífico palacete adquirido pela Maçonaria, situado na rua Félix da Cunha, onde permaneceu por mais de meio século. (Nota histórica: referido palacete fica em frente ao prédio central da agência dos correios e hospedou a família imperial em duas oportunidades durante sua visita a Pelotas)
Em 8 de Janeiro de 1906, o Gymnasio Pelotense conseguiu sua equiparação ao então Ginásio Nacional. Em 1908, formou-se a primeira turma de bacharéis em Ciências e Letras. Em 1911, no prédio anexo ao Pelotense, foi fundada a Faculdade de Farmácia e Odontologia. Em 1912, foi fundada a Escola de Agrimensura, que funcionou no próprio Ginásio e teve efêmera duração. Em 12 de Setembro de 1912, por iniciativa de um grupo de professores do Pelotense, foi fundada a Faculdade de Direito, tendo como primeiro diretor o Dr. José Júlio de Albuquerque Barros.

Em 24 de novembro de 1915, nos salões da Bibliotheca Pública, foi realizada a solenidade de colação de grau das primeiras turmas de alunos diplomados pela Faculdade de Farmácia e Odontologia e pela Escola de Agrimensura, anexas ao Gymnasio Pelotense. Em 1915, a lei Maximiliano restabeleceu o bacharelado que tinha sido extinto em 1911, voltando o Pelotense a apresentar suas turmas de licenciados.

Em 1924, na administração do Dr. Pedro Luiz Osório, o Ginásio Pelotense foi efetivamente municipalizado, por ato lavrado entre a Intendência e os representantes da Maçonaria e do Pelotense, assumindo o governo municipal o compromisso de manter e dirigir este estabelecimento de ensino. E em 20 de Junho de 1927, um grupo de estudantes fundou o Grêmio Estudantil do Ginásio Pelotense. Eram eles os seguintes: João Jacinto de Mendonça, Cássio Brandão de Mello, Paula Machado Campelo, Orlando Correa de Azevedo, Osvaldo Gaspar Fonseca e Paulo Lobo Cortelari. Muito mais espaço seria necessário para descrever a grandiosidade dessa escola e dos envolvidos com a mesma. Que essas façanhas sirvam de modelo para a nossa gente.


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